sexta-feira, 15 de outubro de 2010

losing my religion

Como um cronista relativamente conhecido disse recentemente, "O surf competitivo faz tanto sentido como o yoga competitivo." Esse cronista foi declarado, aliás sem surpresa, persona non grata no meio, o que só reforça a ideia da realidade existente que eu, como outros, temos; a de que algo que partiu de um divertimento, associado rapidamente a um modo de ser e de estar, quase religioso, tenha sido subvertido como mero veículo propagandístico com finalidades quer comerciais quer de auto-promoção de gente sem carácter.
Não é não falando, não chamando os bois pelos nomes, que se consegue algo. Ainda que sinta que é uma luta perdida, prefiro ficar do lado dos que renegam esse mundo que "juntar-me a eles."
Seria demasiado fácil associar-me ao cortejo, mas quando se vê o "deslizar nas ondas", ou como diz um amigo meu, "o correr vagas" de um modo tão forte, tão intenso e absorvente, não o podemos fazer senão sob o signo do desprendimento e do puro prazer desinteressado.
"Those days are gone"
Vários são os que quiseram, noutras gerações, ver a sociedade reconhecer o Surf como algo digno e sério, sendo que hoje em dia, muitos desses reconhecem o erro que foi essa atitude. Foi o princípio do fim do Surf enquanto actividade espiritual, porque hoje, cada vez mais, se transformou em guerra de egos e disputas territoriais nas praias do mundo inteiro.

2 comentários:

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  2. Há pouco pensava...apercebi-me que uma das minhas primeiras e principais escolhas conscientes na vida e que definiram parte de aquilo que sou hoje em dia...(com tudo de bom e de mau que eu possa conter em mim)...foi a vontade de ir com uma prancha para dentro d'água...era ainda muito novo, miúdo, criança...fi-lo inconsciente das modas, tendências, estilos de vida, spots publicitários etc...já lá vão muitos anos...mais que desejava, mas estou feliz por ter feito essa escolha pelos motivos certos, numa altura certa em que o surf era algo que nada é hoje em dia...os que lá estavam dentro na altura, faziam-no por Amor...Paixão...e por mais nada...

    Talvez a minha mais antiga das escolhas que perdura e irá sempre acompanhar-me...

    Ondas boas na altura em que o surf era brincadeira de "degenerados, drogados, inconscientes, pessoas que nada queriam fazer na vida". Assim nos chamavam...hoje...bem, hoje é cool e toda a gente quer um pedaço da etiqueta de surfista para brilhar e deslumbrar os que nem sequer alguma vez tentaram...

    Nada será como o que foi...e foi bom.

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